domingo, 27 de fevereiro de 2011

Caetano Veloso, "Eu Sou Neguinha?"



Guga, hoje é domingo e você está na casa do seu pai. Estou em casa, meio de bobeira, assistindo ao show de Caetano na televisão. Bateu saudades de você, uma saudade estranha de você adolescente, um adolescente que ainda não sei quem, nem como será. Fiquei com um pouco de invejinha de Caetano quando ele disse que a ideia do DVD foi do filho Zeca, um carinha novo, saindo da adolescência, com pinta de tranquilo e que, acima de tudo, me pareceu ter bastante acesso ao pai, a ponto de trocarem figurinhas artísticas. Gostei de pensar que poderemos ter conversas legais como essas que Caetano deve ter com os filhos e como as que tenho com os meus pais até hoje. Fiquei com vontade de que você cresça logo, para eu poder te dizer que "Eu sou neguinha" é uma das músicas geniais que já ouvi, praticamente uma oração. Sei que provavelmente você vai achar careta e coisa e tal, mas correrá sério risco de, assim como eu, passar adorar, mais pra frente quando se tornar adulto. Mas pra isso é preciso conhecer, como eu conheci essas e outras referências, que me levaram a outras e outras, num caminho sem fim.

Garoto Propaganda


Outro dia ele foi convidado para posar para uma campanha da loja Baby Basics. Convite de uma amiga produtora, a tia Flávia, que ama os seus cachinhos e olhar penetrante. Era um dia de semana e por isso não pude acompanha-lo. Contei com a super ajuda da Tia Evelyn e da minha mãe que estava por aqui para matar a saudade.

Disseram que ele se comportou bem, que fez logo amizade com o pessoal do estúdio. Mas chegou na hora H, já estava meio cansado, além do fato de não ter a mínima idéia do que estava fazendo por lá. Soube de ouvir dizer que ele não posava, mas ia para onde o fotografo estava, guiado pela sua super máquina fotográfica. Engraçado. Espero que continue assim, pois odeio esse lance de criança posando, sem espontaneidade.

Flashes

Guga pressionado a responder alguma coisa, como por exemplo:
- Guga, você pode assistir Tv antes do café da manhã?
Ele, já sabendo que a resposta não é aquilo que deseja, costuma dizer:
- Eu não quero perguntar!!!!

****

Letras, ele adora brincar de advinhar de quem são as letras. Mostramos as letras e ele sai falando: A, de Artur, B, de Bibia; C, de vovô Cláudio e vovó Quix; E, de Elaine e Tia Evelyn (E mamãe?); G, de Eu, Guga. J, de vovô Jalba e Tio Mima (Jalbinha); L, bisa Laurice; M, de Mamãe (êêê!!!!); N, de Nani; O, de Otávio (priminho amado); P, de Papai (2 x 1 pro Papai); S, de Sueli (vodrasta, fofa e linda); T, de Tatau (apelido do primo).

Agora aprendeu a desenhar o M de mamãe. É que outro dia ele fez um rabisco que parecia o M. Quando vi, falei toda alegre que era a minha letra. Agora ele faz pra me agradar. A, de Amo!

Uma das coisas que mais gosto é saber que Guga gosta de gente, que tem curiosidade, que se encanta! Sou assim também e gosto de ser. Melhor é saber que as suas referencias familiares estão cada dia mais sólidas. Então, essa brincadeira do alfabeto tem gostinho especial de vida emocionalmente saudável.

PS.: Essa semana meu pai esteve por aqui. Uma delícia ver Gustavo todo enfronhado com o vovô, com Sueli e a amiga do meu pai, Lu, uma fofa, saudosa do seu filhinho de 3 anos, na sua primeira viagem de desmame.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Dá licença, eu sou o pai!

Apoio demais essa campanha!


terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

O desfralde

Começamos a tirar a fralda de Guga faz duas semanas. A Tutora já havia sinalizado que ele já estava avisando que tinha feito cocô. Por outro lado, em casa ele oscilava entre o incômodo da fralda suja e a total indiferença. Como sempre, fiquei insegura sobre qual seria o momento, pois fui orientada que uma vez sem fralda, não deveríamos retroceder.

Chegou o dia. Um sábado, que ele passaria comigo. Acordei ansiosa e propus que tirasse a fralda, para começarmos o dia já "pintos free". Ele, rebelde que só ele, se negou expressamente: - Não quero ficar sem fralda!!!!

Mas tou ficando craque em ignorar e mandar brasa. Tirei a fralda e ele nem notou. Óbvio que, na primeira vez, vazou cocô e xixi. Demos tchau ao cocô e ele se empolgou. Começou a pedir para ir até a privada, equipada com o adaptador. Algumas vezes se arvorou a ir sozinho, sem me avisar. Perigo. Saia correndo para monitorar. Ou seja, os primeiros dias foram ótimos, tudo era novidade. Na casa do pai também. Até porque, o cocô só escapa comigo.

Agora já estamos na fase do choque de realidade. Ele já percebeu que precisa interromper a brincadeira para ir ao banheiro. Então, vira e mexe escapa, por comodidade dele e desespero meu. Outro dia, escapou num piquenique, numa pracinha, cheia de criança. Primeiro, o xixi. E eu, na espreita, comecei a rezar para parar por ai. Que nada! Mandou ver num cocozão. No meio da pracinha. Liberdade total! Bem, como já estava prevendo, pois ele não tinha feito em casa, peguei um dos 15 sacos plásticos que tinha levado e limpei. Limpei o bumbum dele, como se estivesse em casa.

Aliás, se posso dar alguma dica, é essa. Temos que agir como se estivéssemos em casa. E pra você, meu filho, aí vai um recado. A vida é assim mesmo, a cada liberdade conquistada, uma responsabilidade correspondente! A sua é avisar para a mamãe que quer ir ao banheiro.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Poucas e Boas

O professor de música da escolinha ensinou aos pequenos sobre Yemanjá, ao som da música maravilhosa de Caymmi. Desde então ele vem cantarolando "Dia 2 de fevereiro, dia de festa no mar, eu quero ser o primeiro a saudade de Yemanja!". Soube pela professora que eles amaram a música e fazem até corinho. Lindos!

***

Sempre que falo o meu endereço ou CPF para alguém e ele está junto, noto que ele presta especial atenção. Sabia que um dia ele nos surpreenderia e esse dia foi hoje. Passei o endereço para farmácia e quando estava chegou na hora do número do apartamento, é vem ele, todo prosa, demonstrando os seus conhecimentos.

O mesmo aconteceu com o CPF. Eu cantava o número para minha irmã e ele terminou falando os dois dígitos.

***

Só para não perder a oportunidade, registro que hoje foi o nosso primeiro dia de desfralde. Mais pra frente, vou escrever um post, até porque só o futuro dirá se o processo será tranquilo, atrapalhado ou os dois. Sobre o dia de hoje, posso dizer que, apesar das escapadas esperadas, tivemos vários momentos de acerto! Ele chegou a ir sozinho para a privada (com o adaptador), reinvidicando a sua independência. Fiquei escondidinha olhando, pronta para dar a ajudinha necessária.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Ser mãe não é brincadeira...

A ideia do blog é deixar registrado os momentos mais relevantes da infância de Guga, sejam eles bons ou ruins, e também dividir com leitores interessados no assunto as minhas percepções sobre a maternidade, que é para mim um papel de extrema importância.

Então, Gustavo e Leitores, tem horas que são mesmo muito difíceis. Difíceis até de escrever.

Situação 1

Tipo assim, agora Guga só quer o papai! Desde que ele começou a dormir na casa do pai, tenho tido que lidar com a situação extremamente desagradável de ser preterida expressamente por Gustavo. Seria exagero dizer que não temos mais momentos bons, mas também seria tapar o sol com a peneira dizer que isso ocorre de vez em quando. Infelizmente, essas expressões de desprezo à minha pessoa tem sido frequente e espero (e tenho quase certeza) que é uma fase. Quando chega da casa do pai, algumas vezes quando me vê já berra alto e em bom som: - Não quero você! Isso mataria a mãe mais desnaturada, imagine eu, toda dedicada, toda saudosa por ter passado o dia anterior (curtindo a vida) longe dele. Isso às vezes acontece quando eu chego do trabalho e encontro ele já todo entretido com o pai aqui em casa (às segundas e quartas). Tem que ter coração de pedra pra não sofrer.

Sei perfeitamente e racionalmente que isso é um ótimo sinal de que a figura paterna é presente, que ele está se desenvolvendo independente da simbiose mãe-filho, que está estabelecendo outras relações afetivas tão importantes quanto à nossa. Tudo isso eu sei e comemoro, mas gostaria, do fundo do meu coração, que ele pegasse mais leve com a mamãezinha aqui.

Essa independência dele tem alguns desdobramentos e se manifesta de jeitos parecidos com outras pessoas, a exemplo de Elaine, Bibia, Evelyn. Enfim, mamãe tá com pouca moral. Acho que é estágio para a adolescência.

Situação 2

Outro dia, Evelyn e minha mãe levaram Guga para fazer um ensaio fotográfico para uma Loja (ainda não saiu o resultado e por isso não sei dizer se vai dar certo). Tudo lindo, maravilhoso, não fosse a cena presenciada por Evelyn. Guga encostou na sacada do estúdio e começou a imitar uma pessoa fumando, segundo Evelyn, com riqueza de detalhes. E ainda dizia, com todas as letras: - Vou fumar!

Quando eu soube, quase tive um troço! Se tivesse na Raposo Tavares (a estrada que percorro todo santo dia para ir ao trabalho), teria trombado num caminhão. Meu Deus! Eu odeio cigarro e, ainda que não ligasse, acho que criança e, principalmente o meu filho, não deveria se exposto de forma alguma, no seu dia a dia, a esse hábito (nem na forma de espectador). Imediatamente expressei o meu desagravo aos interessados, mas não posso deixar de me lamentar. É duro ser mãe nessas horas!

Há quem diga que não posso colocar o meu filho numa redoma e que essas coisas estão aí, na vida. Concordo com Paloma (não sei colocar links, sorry!) quando ela fala que, na infância, devemos sim selecionar as melhores opções de vida para os nossos filhos. Isso, para mim, não significa colocar numa redoma, mas sim viver da melhor forma possível - direito de todos, dever de quem cuida. Fumar na frente de uma criança a ponto dela ter isso como parâmetro é altamente desnecessário, pois exemplo é tudo nessa fase.

Esse assunto me bodeia tanto que até esqueci outras situações. De qualquer forma, tudo isso tem o lado bom, que é ver o meu bebezinho de outro dia todo cheio de expressões próprias, de independência. Crescer dói, tanto para ele, quando para mim, que já não sou tão necessária assim, mas, mesmo assim, continuarei por aqui, cuidando dele do jeito que permitem as minhas convicções.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Os Saltimbancos Trapalhões - Alô Liberdade



Essa é mais nova mania aqui em casa. Quando fomos ao teatro ver os Saltimbancos, me lembrei dessa trilha do Saltimbancos Trapalhões, que eu amava de paixão. Baixei e ele adorou. A música que mais gosta é da Liberdade. Cantarola sozinho e mistura com uma parte de letra do Piruetas, na parte que fala "e a moçada pede bis". Para aqueles que assistiram o filme e sentem saudades, vejam o vídeo. Uma delícia!

Rapidinhas

- Mãe, você vai para Astajeneca do Basil? (Ele fala que eu vou para Astajeneca e o pai para o Fórum. Outro dia perguntou onde Evelyn trabalha. Falamos que é numa escolinha para gente grande, a Drummond. Ele já sabe tudo!);

- Um dois, feijão com arroz. Tês, quato, feijão no pato. Cinco, seis, XALÁ INGUÊS...(Amo! Amo!, Amo!);

- Mãe, eu não quelo que você cante a música da palha! (Aos prantos, tendo um pesadelo no meio da madrugada. Deu peninha, até porque eu não conheço a música da palha, então posso vir a cantar, sem saber que estou cantando, sacaram?);

- Kirikou, a peti! Mas ele é valente (É a coisa mais linda ver ele falando francês, com o t bem reforçado como falam os pernambucanos. Ele adorou o Kirikou - Animais Selvagens, que dentre outras coisas maravilhosas, tem uma música tema que é linda demais e ele amou.). Ouçam o clipe! http://www.youtube.com/watch?v=-K1yv4BluN8&feature=related

- Mãe, eu quero ver as "sãotaquaras"... (Para ele é uma coisa só. Nos nossos últimos passeios a parques temos visto bastante taquaras e ele já as identifica, sem que eu precise chamar atenção. Foi numa dessas que eu saquei que ele fala "sãotaquaras", tal qual a letra do Palavra Cantada.).

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

O meu desmame

Tenho deixado rastros aqui no blog de que estou num processo de desmame materno. Tenho sentido a necessidade genuína de viver outras emoções nessa minha "vidademeudeus". Como diz o meu fiel psicólogo, tenho buscado aumentar o meu repertório afetivo e emocional. O engraçado que por mais que eu soubesse que deveria ser assim, que isso iria me ajudar bastante, há pouco tempo atrás achava não conseguiria, que só teria olhos, coração, razão para o meu filhote. Mas, de uma hora para outra, a vontade de buscar novas sensações foi tomando corpo. Por ser tão autêntica essa vontade, acho que acaba dando segurança para o meu pequeno Guga, até porque, o sentimento de culpa que normalmente nos abate nesses momentos tem sido reduzido a pouquíssimos momentos.

É nesse contexto que já na nossa viagem de férias, me permiti sair com os meus amigos, a fazer coisas que não fazia há muito tempo. Foi nessas férias que pensei que eu deveria voltar para Salvador sozinha, para me reencontrar, agora com a nova roupagem da maternidade. Pensei na festa de Yemanjá! Mas vi que não seria fácil, pois cairia em dia de semana e seria dificil sair da empresa. Pensei: vai ficar pra próxima!

Mas, se Yemanjá existe mesmo, ela dispensou atenção especial ao meu caso, mexendo nas peças do destino para que rolasse uma viagem profissional justamente no dia da festa! Útil e Agradável juntos, perfeito! Fui para a festa com a minha amiga para todas as horas, Patola. Comprovamos mais uma vez que somos uma ótima companhia para essas ocasiões (porque tem amigas que não funcionam bem para certos ambientes - não é o nosso caso). Dançamos muito, bebemos a nossa cervejinha, botamos o papo em dia e encontramos amigos e conhecidos. É uma das melhores festas de largo, na minha opinião. É caos e catarse! Eu caí no meio do povão, aliás, eu sou o próprio povão, pois me jogo sem medo de ser feliz!

Enquanto isso, aqui em Sampa, ele foi cuidado com muito amor pela Tia Evelyn, Papai e Nani, que nada deixaram faltar ao meu príncipe. Quando perguntavam a ele por mim, ele dizia textualmente que eu tinha ido "viajar para trabalhar". Lindo!

Quando eu cheguei, me recebeu com naturalidade, perguntando sobre a minha mala, mas demonstrou vontade de ficar junto. Pediu para tomar banho comigo e foi carinhoso na hora de dormir.

Enfim, voltei de lá com a alma lavada, certa de que o meu momento desmame está em franco avanço e trará benefícios para mim e para o meu filhote, que eu tanto amo.
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