sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Verdades contraditórias

Com o perdão do cliché, a maternidade é cheia de verdades máximas, que todos insistem em apregoar o tempo todo. Quando digo todos, estou me incluindo também, pois, na medida que vou educando Guga, passando por todas as experiências, me pego tentando aplicar as tais verdades máximas. Só que o que eu tenho percebido é que, até mesmo as verdades máximas se contradizem, o que torna as coisas muito mais difíceis.

Exemplo:

- Você deve criar o seu filho para o mundo x criança cega a gente, não podemos descuidar!
- O leite materno é insubstituível x Cuidado, manter o filho na base do peito pode gerar dependência!
- Filho muda toda a sua vida! x Seu filho tem que se inserir na sua vida e não o contrário!

As vezes é fácil compatibilizar essas máximas da maternidade, mas tem horas que fica difícil saber quando soltar e quando proteger, ficar de olho, por exemplo. Se você coloca o filho embaixo da sua saia, está superprotegendo. Se solta, larga mão, é negligente. Óbvio que a zona cinzenta ou o caminho do meio é o que se quer, mas quando e como encontrar o caminho do meio?

Em termos práticos, eu vivencio dificuldades em relação ao caminho do meio. Gustavo é bastante ativo, buliçoso, desafiador algumas vezes. Ou seja, sinto que ele demanda vigilância. Por outro lado, ele é o tipo de criança que, fora de casa, ele requer a presença de física do adulto que está cuidando - eu, o pai, minha irmã, babá, o tutor da escolinha. Esse traço de personalidade dele às vezes suscita nas pessoas a ideia de que ele é superprotegido, que eu sou grudada demais, que eu deveria deixá-lo mais solto, para que ele seja mais independente. Ou seja, que não estou criando ele para o mundo.

Esse dilema se instalou fortemente na viagem que fizemos a Salvador e me fez refletir bastante para identificar quais os momentos que devo ser mais relaxada e quais devo manter a vigilância. O conceito de criar o filho para o mundo ainda é muito subjetivo para mim e por isso os conselhos e toques foram e são muito bem vindos, pois os olhares de fora me ajudam a dimensionar essa abstração toda. Meu pai foi essencial nessas férias justamente porque a sua experiência e credibilidade me deixaram à vontade para ousar um pouco mais. O resultado foi positivo, já que Guga se soltou, assumindo um comportamento menos desafiador em alguns momentos.

Mas, olhando de outra forma, não me acho assim tão protetora, pois o fato de ser separada do pai de Guga me força a não ter certos apegos, já que é necessário que ele conviva com pai familiares, longe da minha presença, até mesmo dormindo fora de casa.

A ideia não é exatamente chegar a uma conclusão sobre qual das máximas prevalecem, mas deixar claro que, na minha opinião, essas verdades são apenas nortes, balizas que devem ser consideradas quando se está educando um filho, ainda que seja para descartá-las em algum momento, voltando aplicá-las em outro, na maior humildade.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Nossos últimos programas

Desde que cheguei de Salvador, no início de janeiro, tenho estado bastante motivada procurar programações legais para fazer com meu pequeno. São Paulo é imbatível nesse sentido, pois tem diversão para todo tipo de gosto. Descolados, gratuitos, caríssimos, educativos, divertidos, solitários, em grupo. É só escolher. E nós escolhemos e aprovamos o seguinte programas:

Piquenique no Jardim Botânico

Guga já tinha ido ao Jd. Botânico, quando era menorzinho. Adorou de montão. Viu micos, correu, comeu. Aproveitou. Só que dessa vez foi especial, pois era aniversário de um filho de uma grande amiga, que resolveu fazer um piquinique. Convidou os familiares e amigos mais íntimos, dentre os quais estávamos inclusos (ainda bem!). Levou pães, frios, sucos e alguns brinquedos simples para a criançada. Foi demais! Todos adoraram, independente da idade. Fizemos trilhas simples e Guga, já maiorzinho, soube aproveitar cada minuto. Conheceu as taquaras de perto (ao som da música das Taquaras, que ao final, virou música tema do passeio), tomou banho de bica, viu macacos e fez amizade com bastante gente. 100% recomendo!

Peça dos Saltimbancos

Eu confesso que não gosto de teatro. Só vou a alguma peça se for recomendada por alguém que eu confie bastante, que saiba da minha à aversão, que seja crítico e pentelho igual a mim, principalmente no que diz respeito linguagem teatral exagerada. Então, isso acaba influenciando na escolha dos programas para Guga. Até hoje, ele só tinha ido a uma peça infantil, recomendada para bebês. Não aproveitou nada, pois corria mais que tudo, quando não ficava implorando para subir no palco. Resultado: tinha boas desculpas para não me submeter à essa tortura. Porém, outro dia, ou melhor, num dia bastante difícil, em que Guga tinha ido pela segunda vez dormir na casa do pai, o teatro foi a minha única alternativa para distraí-lo. Escolhi uma peça que eu também tinha afinidade, para facilitar a nossa vida: Os Saltimbancos. Troquei a roupa rapidinho e me piquei para lá. Ele chegou dormindo e acordou dentro do teatro. Gente, que grata surpresa! Teatro pequeno, músicas do disco Os Saltimbancos, levemente adaptada aos dias de hoje, peça curta e com atores/cantores legaiszinhos. Guga nem piscava! No final, ele saiu tagarelando, dizendo que tinha gostado mais da Galinha e do Jumento Arara (Arara por conta da crina, que ele confundiu com o pimpão da arara). O teatro salvou o nosso dia e por isso, até mesmo por gratidão, levarei Guga ao teatro mais vezes. Promessa de 2011!

Estádio do Pacaembu e Exposição da Água na Oca


O nosso sábado passado foi um dia pra lá de movimentado. Começamos indo ao Estádio do Pacaembu, pois eu precisava renovar a minha carteirinha do Clube (público e ótimo!). Aproveitei para levar Guga, minha mãe e Helenita, uma amiga da família, para conhecerem. Apesar de ser São Paulino, ele adorou o estádio, até porque demos a sorte de estar acontecendo um evento infantil de bike, com direito a uma bateria genérica de escola de samba. Pronto, bastou para que ele desse pulos de alegria! Tomamos picolé e tudo! Detalhe que ele chupava do picolé e dia no maior espanto "Tá gelado, mamãe!". Enfim, criança é uma onda!

Seguimos para a Oca do Ibirapuera para ver a exposição Água na Oca. Gostamos bastante, pois tem muita informação legal (que confesso não tive condição de tomar conhecimento, pois Guga tava a mil) e muitas instalações interativas. Aquários, simulações de toró, barcos, jangadas, mas Guga gostou mesmo do vídeo sobre água na Lua, as águas que se movem, do colchão d´agua e do vídeo do fundo do mar que se via, ao deitar. Uma graça de exposição!

Quando estávamos saindo da Oca, demos de frente com o Auditório do Ibirapuera. Passos à frente, Guga espantado fala "Mamãe, Pé com Pé!", fazendo referência ao DVD do Palavra Cantada que foi gravado lá e tem algumas tomadas externas do teatro. Gênio da mamãe!

Aprotnando Uma

Aqui vai uma dica para quem procura divertir a criançada, na faixa etária do meu Guga. O Aprontando Uma é uma iniciativa de duas mães super queridas (uma delas é mãe da coleguinha do Guga, lá da Lumiar), que estruturam um espaço com uma série de atividades que vão desde jardinagem, pintura, capoeira até culinária, direcionada para os nossos bebês. Guga já esteve por lá, numa tarde de sábado e ontem curtiu bastante o local no aniversário da sua coleguinha. Uma delícia de lugar e com pessoas igualmente deliciosas e comprometidas. www.aprontandouma.com.br

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Rapidinhas

- Mamãe, eu quero ir sempre no teatro com você! (Olhando nos meus olhos, parecendo que estava possuido por um espírito adulto com missão conciliadora, pois minutos antes tinha feito uma super malcriação. Quase chorei!).

- Avião!!!! Actopus!!!! (Helicóptero - Coloquei ele de macaquinho e ele abriu os braços como se fosse voar)

-Mamãe, a gente io para o show de Carlinhos Bronw? (Demorei alguns segundos para entender e depois para responder que não, nunca fomos ao show de Brown).

- Não sente ai, Galinha!
- Porque, Guga?
- Porque ela é pequenininha e pode cair! (Saber ele já sabe, mas fazer que é bom...)

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Mamãe - bela ou fera?


Há um tempo fiz um post falando que Guga havia me confundido com a Maria Bethânia. Fiquei arrasa, mas aceitei o feedback de bom grado e já estou em fase de implementação das rotinas de cuidado comigo mesma.

Gente, mas acho que já vi sinais de melhora? Ou melhor, Guga notou sinais de melhora! Outro dia, ele estava olhando a foto de Carolina Dickmann com o seu respectivo, e perguntou de cara se era eu! Na hora disse que sim, afinal, não gosto nem um pouco de frustrar o meu filhote e encarei como feedback positivo. Detalhe que, na sequência, ele perguntou se o moço que ladeava a Carol, minha sósia, era o papai. Fiquei sem saber o que dizer e acabei dizendo que sim (sei que não deveria, pois isso reforça o papel mamãe-papai que tanto pode confundí-lo), pois na hora imaginei que ele ainda não tem outra referência masculina ao meu lado. Nem eu, né? Mas isso é projeto para 2011! Oxalá eu consiga!

Guga dormiu na casa do pai

Esse sábado demos início a essa nova rotina, que é dormir um dia do final de semana na casa do Artur. Por ele isso já deveria ter acontecido desde o tempo em que Guga era bebezinho. Claro que eu sempre achei precipitado e tentava demovê-lo da idéia. Primeiro porque acho que Guga precisava de um rotina demarcada em casa e acho que essa rotina nossa com ele nos ajudou a conhecê-lo e ele a nós. Em segundo lugar, acho que ele precisava de um cantinho na casa do pai, com brinquedos, caminha, as coisinhas dele. Aos poucos, essas etapas foram sendo cumpridas, tendo sido entremeadas pela entrada na escola, que demandou um tempo de adaptação de todos nós. Fomos avançando nessa evolução, até que chegou a hora! Ele já está falando mais que nega do leite e expressa as suas vontades com clareza, ainda que sejam vontades e sentimentos passageiros. Senti que era o momento.

Nos dias que atencederam à dormida, fui conversando com ele, dizendo que iria dormir no sábado na casa do Papai e da Lelê (com isso evitaria que ele pensasse que o pai viria aqui para colocá-lo para dormir). Ai veio a primeira apreensão. Ele, de forma totalmente espontânea, disse que não queria dormir com Lelê, só com o papai. Ops! Fiquei de orelha em pé. No outro dia, como quem não quer nada, falo novamente no assunto e ele repete o que disse no dia anterior. Pedi para Elaine, sua confidente, checar o assunto e ele é mais especifico, dizendo que está "chateado com Lelê". Pois é, parou por ai. Avisei ao pai sobre essa reação e entreguei ao Universo, como diria minha mãe.

Orelhas continuam em pé, mas agora mais tranquilas, pois correu tudo bem. Ele adorou o quarto, falou comigo por telefone e logo me perguntou se eu iria "naná", demonstrando que estava à vontade com o assunto.

Quando ele dormiu, Artur me passou o relatório detalhado, o que já é nossa marca. Não poupamos informaçoes um ao outro, pelo menos é o que eu sinto em relação a ele e é o que eu faço com ele. Todo o ritualzinho de sono foi seguido e ele dormiu tranquilo. De manhã, Artur disse que ele sentiu a minha falta quando Artur tava falando de uma princesa (não vou mentir que gostei um pouquinho disso) e também em outro momento da manhã.

Na verdade, a parte mais delicada foi quando Artur veio trazê-lo e ele achou que o pai deveria ir conosco ao nosso passeio. Foi comovente vê-lo pedir ao pai, chorando sentido. É duro isso, pois ainda é uma coisa que me deixa abalada. Tava conversando com uma pessoa mais experiente no assunto, que me disse que temos que agir de forma mais natural possível, para que ele ache natural a alternância entre pai e mãe. Concordo racionalmente, mas emocionalmente ainda não, já que eu vivi a experiência de ter uma infância feliz ao lado dos meus pais quando ainda estavam juntos. Mas, por outro lado, a realidade de Guga é diferente da minha e deve ser encarada pelo lado mais positivo possível. Vamos conseguir, eu sei. Nesse ponto, eu e Artur estamos mais juntos que tudo!

domingo, 9 de janeiro de 2011

Mamãe também é gente!

Essas nossas férias foram importantes para mim também. Como já disse no post anterior, foi decidida a entrar em contato com velhos amigos, que pelo andamento da vida, acabei perdendo contato. Além disso, me permiti sair à noite, afinal é o único jeito que me permite ter o prazer de terminar um assunto, sem ser interrompida por Guga.

É engraçado, mas o figurinha se cansava bastante e por isso dormia a noite toda. Mas, quando a mamãe resolvia sair....Óbvio que ele acordava, chorando, assustado. Na primeira noite, deixei tudo pra lá e voltei, cheia de culpa e preocupação. Chego em casa, me deparo com ele acordado, lágrimas secas nos olhos, sendo acalentado por minha mãe e meu sobrinho, Luis Otávio. Mas o mérito foi mesmo dos Backyardigans, sua mais nova paixão. Naquela hora, decidi que na próxima não voltaria, pois ele ia ficar bem, de um jeito ou de outro.

O lance é que, por mais que me digam para "ser ou não ser assim ou assado", eu preciso chegar à conclusão de forma emocional. No geral, eu sou super racional, mas em se tratando de Guga, a minha razão não é suficiente, tenho que sentir que estou no caminho certo.

Cumpri a promessa feita para mim mesma e, nas saídas seguintes, fui de coração aberto. Tão aberto que, numa das últimas saídas com amigas do peito, me joguei de roupa e tudo num reggae daqueles que não vivia fazia muito tempo. Cantei, dancei, bebi (pouco, mas já alguma coisa) e percebi que já estou desmamando. Aos poucos, confesso, mas de forma convicta. Agora, resta encontrar a melhor forma.

Sobre encontrar a melhor forma de desmamar, para mim é a forma que casa com o que eu penso e sinto. Isso não significa que esteja fechada para outras opiniões. Pelo contrário, tenho ouvido e conversado com muita gente, gente experiente, outras nem tanto. É o que tenho feito e com isso venho chegando à algumas conclusões sobre esse processo lento e longo. Afinal, acredito o desmame de uma mãe e filho é inevitável, mas não brusco e deve respeitar as fases do desenvolvimento de filho (e por que não dizer, da própria mãe).

Um passo importante para esse desmame é a dormida de Guga na casa do pai, que já rolou ontem e que será tema de outro post. Outro é voltar para Salvador sozinha. Preciso disso. Essencial para mim! Outro é gastar um tempinho para me cuidar (em vários aspectos). São coisas que aos poucos vão se solidificando e me ajudarão a diversificar um pouco mais a minha vida. Um pouco, mas não muito, afinal, sou mãe e disso eu não abro mão!
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