domingo, 31 de julho de 2011

Nós na Espanha. Olé!

Clássica!

Parafraseando a Diva, Luiza Marilac, nesse inverno, resolvi fazer algo de diferente, resolvi que iria visitar a minha amada 'prima de consideração' em Alicante, na Espanha. Considerando a minha impossibilidade logística e emocional de deixar Guga no Brasil, resolvi levá-lo.

Tudo conspirou para que a viagem de se concretizasse. Minha mãe resolveu aderir, depois, meu pai, estimulado por minha madastra fofa, decidiu ir também. Perfeito, teria ajuda e companhia dos avós de Guga. Lá em Alicante, o clima é ótimo, calor, praia e minha prima tem um filho de 1 ano e 8 meses, Gael, que seria ótima companhia para Guga. O marido dela, Pascal e filho adolescente tocam violão e guitarra, e Guga, como todos sabem, adora instrumentos musicais.

Enfim, tudo nos levou para a Espanha para matar as saudades de Andréa, minha prima amada, com quem eu e minha irmã passávamos a maior parte das nossas férias quando eramos crianças (banguelas, usando melissinhas furadinhas com meias de lurex) e mocinhas (já paquerando e coisa e tal). Íamos para Ilhéus, na Bahia, nos hospedávamos na casa dos pais dela, grandes amigos dos meus pais. Eles iam para Salvador e se hospedavam em nossa casa. Engraçado que nessa época não existia essa coisa de cerimônia, pois eram famílias inteiras nas casas umas das outras, com tudo de bom e ruim que isso pode representar. Graças a isso é que a nossa amizade se formou, como disse Andréa para mim quando insisti em ficar num hotel. Eram férias inesquecíveis.

Amizade antiga
Volto à viagem para a Espanha. Posso dizer que foi uma experiência rica em vários aspectos. Coisas ótimas aconteceram, outra não tão boas, mas ficou a certeza de que voltamos mais 'robustos' como seres humanos. Viajar tem esse poder. Ainda mais quando vamos para outro país, com língua, comida, fuso horário, clima diferente. Ao mesmo tempo, coisas comuns à latinidade e ao mundo ocidental, cada vez mais padronizado, graças aos nossos ícones de consumo e comunicação (Zara, Redes Sociais, Fast Foods etc..).

Guga não escapou do poder dessa imersão de 15 dias na Espanha, voltou falando palavras diferentes em português, inventando palavras em francês e espanhol, vivenciou o ciúme que dói nos cotovelos, que teve Gael como alvo, se especializou em aeroportos e seus procedimentos, incrementou as birras e exportou o amor pelos Beatles e por cavalos (a sua mais nova paixão, influenciada pelos Backyardigans).

Vou tentar resumir as principais situações da viagem, organizando os temas na forma de glossário.

Andréa: minha prima querida, temos 1 ano de diferença e nos identificamos muito em várias coisas e até mesmo quando discordamos é legal. Muito carinhosa e maternal. É um conforto saber que conseguimos manter a nossa relação num nível tao afetuoso, mesmo depois de muito tempo e de tanta distância física.

Um charme só!
Alicante: Cidade que fica no sudoeste da Espanha, na chamada Costa Blanca. É pequena (300 mil habitantes), mas com pinta de cidade grande. Tem de tudo, bastante organizada, transporte público impecável, acessível a todos, inclusive a carrinhos de bebês (meu fiel companheiro). O clima é quente e seco, pois fica próximo do Magrebe (região africana do Marrocos, Tunísia e Saara Ocidental). Ou seja, passamos MUITO calor!!!! Minha prima mora lá há mais de 10 anos.

Vista do Castelo.
Avião: Guga foi um lord, ganhando parabéns de várias pessoas. É incrível como ele pode ser tão comportado no avião e tão danado em outros momentos. Se eu posso me gabar de alguma coisa, é do comportamento dele no avião. Agora, depois que voltou da viagem, ele costuma encenar a nossa viagem, eu faço o piloto, a aeromoça e ele me representa, reproduzindo com detalhe as minhas orientações e falas. Adora falar de asas, turbinas, hélices, nuvens, etc...

Lord da Aviação
Avós: A viagem serviu para estreitar esses laços, com certeza. Além disso, deram uma força, distraindo Guga nos momentos críticos, como quando tive uma enxaqueca braba. Mas também teve momentos de stress, decorrente do choque do modo de criar. Por meu pai, a forma deveria ser mais à moda antiga, as birras deveriam tratadas de uma forma mais enfática. Ele achava que eu deveria deixá-lo mais solto, apenas supervisionando. Bem, em relação a isso, ele pode até estar certo, mas eu não tenho coragem, morro de medo que ele se perca, ainda mais em outro país. O jeito de criar filho muda muito, cada época com seus defeitos e qualidades. Acho que o ideal é que o pai/mãe esteja ciente disso e tente melhorar, mas de forma genuína, verdadeira. Sempre há espaço para melhora.  

Dupla Dinâmica
Birras: Olha, vou ser sincera, a fase das birras se intensificaram bastante. Foram daquelas clássicas, homéricas, que envergonham as mães mais confiantes. Eram motivas por várias razões: cansaço, mudança de rotina, ciúme e principalmente, pelo vontade louca de sair correndo pela cidade, sem rumo. Eram regadas a chutes, tapas, berros a plenos pulmões em qualquer lugar, especialmente nos lugares mais cheios de gente, mais improváveis. No início da viagem eram piores e renderam bons momentos de stress a todos, mas depois fomos nos ajustando e eu fui ficando mais espertinha. Fazia combinados antes de ir para praças, parques e todos os lugares que poderiam gerar o desejo incontrolável de não querer ir embora ou de não querer ficar quieto do meu lado. Algumas vezes funcionou, outras não, me obrigando a colocá-lo no carrinho, sob imensos protestos. Depois, ele fatalmente dormia de cansaço. Essa era nossa rotina de birras.

Castelo de Santa Bárbara: Um dos lugares mais legais que fomos. Fica no alto da cidade e se prestou a defender Alicante dos Mouros. Era uma espécie de forte-castelo. A vista de lá de cima é panorâmica da cidade e num dia ensolarado (melhor dizendo, esturricante) como o dia que fomos, é possível ver toda a costa da cidade. Um mar verde azulado, lindo! Guga e Gael adoraram o passeio, a vista, os pombos, tudo. Fui uma excitação geral. Todos nós estávamos num alto astral contagiante.



Cavalos: Junto com os Beatles, Cavalos são a nova mania de Guga. Inspirado por um episódio dos Backyardings que tem como coadjuvantes dois cavalos, o Haney e o Malhado, que se aventuram pelo Texas (óbvio!). Ele é sempre o Haney, o cavalo mais forte, e os outros se revezam no personagem do Malhado. Assim foi na Espanha. Todos nós fomos incluídos e envolvidos nas aventuras encenadas por Haney e Malhado. Gael, apesar de ainda estar ensaiando o português, entrou perfeitamente na dança, relichando junto com ele. Guga se apossou dos cavalos de brinquedos de Gael e também relinchava por toda cidade. Era engraçado vê-lo chegar nos lugares dando belas relichadas, chocando a todos e principalmente os espanhóizinhos. 


PS.: Ele não pode ver um cacto que já diz que é o Velho Oeste. Vê se pode, filho de uma quase sertaneja! Em breve vou mostrar umas fotos de Lampião e Maria Bonita e de uns mandacarus para ele ver com quantos paus se faz uma carroça!

Guga no seu melhor momento!
Relichando e trotando
Olha o cavalo nas mãos.
Não desgrudava.















Ciúme: Posso dizer que lançou sua flecha preta na nossa viagem. Guga vivencia o ciúme aqui em casa, mas de um jeito menos intenso do que foi na viagem. Aqui ele é provocado por Bibia, filha de Nani, que tem 5 anos e que por isso alivia mais as coisas, já que ele, por ser menor, continua sendo o centro da casa. Lá não, Gael é ainda é meio bebezinho, com 1 ano e 8 meses, fala pouco, já que é submetido à 3 idiomas. Demanda uma atenção especial de todos, afinal todos amam bebezinhos. Guga então foi arrebatado pelo ciúme imediatamente após chegarmos na casa de Déa. Foi incrível. As reações foram as mais variadas: birras, golpes baixos (dedo no olho, beliscões às escondidas etc.), negações, ataques patrimoniais aos brinquedos. Isso gerou certo stress, já que não podíamos descuidar. No final, as coisas melhoraram e ele achou uma saída honrosa: roubou a Déa de Gael. Até entrar barriga dela ele queria. Apesar de tudo, foi ótimo vê-lo experimentar o seu destronamento e buscar uma solução para isso.


Olha o denguinho com a Tia  Andéa
Doencinhas: Levei uma quantidade imensa de remédios, com receita, para caso de emergências. Achei que não iria usar. Mas, infelizmente, usei alguns para Guga, que ficou com diarréia e também para mim, que fiquei com virose e enxaqueca. Usei remédios de mosquito também. O cansaço, o fuso e a mudança de clima e rotina deixam a gente e as crianças muito vulneráveis. Recomendo ás mães que se previnam.

Gael: Filho de Déa, coisa linda de 1 ano e 8 meses, que despertou todo o ciúme do mundo em Guga. Ele é meigo e calmo, come bem. Ainda não fala, mas é uma questão de tempo. O tempo do trilinguísmo que lhe rodeia. Sorte a dele que, quando falar, vai transitar muito bem pelo espanhol, francês e português.


Guga tem razão de ter ciúmes.
A coisa mais fofa da Tia!
Idiomas: Na casa de Andréa, eles falavam português predominantemente e ocasionalmente, com Gael, falavam francês. Com os amigos e outros familiares, espanhol. Gael ainda não fala, mas tá maturando toda essa babel. De vez em quando ele repete palavrinhas em francês, as mais dengosas, ensinadas pela mamãe. Ele também assiste a uma TV paga francesa, Baby TV, melhor do que Dicovery Kids, pois não tem propaganda de brinquedos e os desenhos mais tranqüilos. Guga pegou amizade também por essa TV e já tinha os seus desenhos favoritos. Enfim, Gael terminou a viagem falando algumas palavras em português, até por sobrevivência: Guga, pare (para se defender de Guga, óbvio), mamãe (me chamava assim, por conta de Guga), tia (para se referir à minha mãe). E Guga terminou a viagem falando algumas palavras em espanhol: adios, sapatitos. Outras vezes, ele inventava palavras irreproduzíveis, dizendo ser espanhol. Em francês, repetia: fé dodo (nanar), papa vu e contava até 5, ensinado por Andréa, que também ensinou o je m´appelle Guga. Isso é uma riqueza, pois, apesar de já ter aparentemente esquecido algumas coisas, sei que essas coisas ficam como experiência de vida.


Instituto Oceanográfico de Valência: Foi o que mais aproveitamos na visita à Valencia. É um ótima opção para crianças. Gustavo pirou com os tubarões, golfinhos, pingüins, leões marinhos. Ele dizia: - Mamãe, se transformei num tubarão! Os peixinhos são deliciosos! Juntou uma criançada, incluindo Gustavo, para curtir os peixes. A diferença de idiomas não era uma barreira para a integração deles.

Socorro! Um tubarão caveira!!!!!
Eles se entenderam, apesar da diferença de idioma.
Madrid: Eu já conhecia e na verdade, dessa vez, deveríamos somente transitar pelo aeroporto, já que o vôo era SP, Madrid, Alicante. Mas, na volta, infelizmente, perdemos o vôo de Madrid-SP, por culpa da companhia aérea. Com isso, veio todo o stress de percorremos por 2 horas o aeroporto gigantesco, com Gustavo no colo (o carrinho atrasou), cheios de bagagens de mão. Só nos deparamos com pessoas grossas e sem a menor vontade de ajudar. A Iberia é muito mal preparada para atender as necessidades dos clientes numa situação crítica (é fácil prestar um bom serviço numa situação ideal, mas quando o bicho pega é que medimos a eficiência e gentiliza na prestação do serviço). Enfim, tivemos que ir para um hotel em Madrid e só pegamos o vôo no dia seguinte, meio dia.

Música e filme: Uma constante na casa. Como já disse, a casa tinha instrumento musicais e Guga se esbaldou com tudo isso. Inundou a casa de Beatles. Por outro lado, eu, Andréa e Pascal aproveitamos a oportunidade para trocar nossas figurinhas, músicas espanholas, francesas e brasileiras. Adoro isso, pois acho que o mundo não é só MTV e suas bandinhas adolescentes e rappers bocas sujas. Tem muita coisa boa ai sendo produzida pelo mundo afora e que a gente não tem nem conhecimento. Deixei lá várias músicas do meu IPOD, um cd da Índia, Maria Bethânia, e também um DVD da Palavra Cantada, o Pé com Pé. Guga ganhou um teclado de Gael e toca bastante aqui em casa. Além disso, trouxemos várias músicas e o filme Azur e Asmar, do diretor Michel Ocelot, que fez Kirikou. Coisa linda de se ver. Guga amou sem nem entender francês. É só ver e gostar.

O templo da casa
Palavras e expressões novas: Tudo que falava, terminava com né? Desde então, adora falar mesmo (sou eu mesmo; olha, é um cavalo mesmo!). Fazia várias referências ao passado, com expressões como ontem, outro dia fomos.... Tava cheio de maneirismos, jeitinhos engraçados em falar. 


Pascal: Marido de Andréa, francês, com família metade francesa e espanhola, mas com o swingue brasileiro adquirido pela convivência com Andréa e pelo período que morou em Ilhéus, na Bahia. Fala português fluentemente e manja muito de música, inclusive brasileira. Me ajudou bastante na contenção de Gustavo em suas birras. A assertividade masculina é essencial em algumas horas.


Pascalito ao centro
Pracinhas: uma beleza! Todas ótimas, limpas, com brinquedos simples e legais. São bem freqüentadas pelas famílias e algumas possuem até café, banheiros impecáveis. Fiquei questionando o porquê é tão difícil para as nossas prefeituras manterem organizadas as nossas praças, se lá tudo é tão simples e organizado. Frequentamos várias e Guga adorava. Já reconhecia os brinquedos de longe, interagia (relinchando, inicialmente) com os espanhoizinhos e corria bastante.


Uma das pracinhas. Fiquei fã.
Um mini pula pula. Ótima sacada.

Um café ótimo, em plena pracinha.
Praia: Amei as praias de lá. Fomos para 4 praias, Almadrava, El Bufereta, Postiget e San Juan. O mar é transparente, sem muvuca, sem barraca, todos levam seu rango e além do mais, toda praia tem um parquinho, que pode ser freqüentado até no inverno, um chuveirinho para os pés e um tablado de madeira que vai até o meio da praia, para evitar que se queime os pés. Simples e eficiente. Guga adorou tudo, mas de vez em quando não queria entrar no mar. Gostou também do topless da mulherada, pois ele ainda tem fixação por peitos. Olhava todos os peitos atentamente, bem de pertinho, como se estivesse sem óculos e depois vinha me pedir para tirar o meu biquine também: - Tira, mamãe! Tira o biquine!


Esse dia foi bem legal, praia noturna.

Olha o Topless aí, gente!
Gamei no chuveirinho e no tablado.































Rebajas: Ai, ai. São as liquidações mais maravilhosas que já vi. Tudo muito barato, com 70%, 80% e 90%. Teoricamente, dura um final de semana, mas na prática há as pré-rebajas e, eu soube, que haverá as segundas rebajas, a raspa de tacho, com muito mais descontos. Tudo isso para dizer que foram os momentos que me arrependi de ter levado Guga para a viagem. Não dava para comprar com ele, só aquilo que não precisava experimentar. Ele corria para todos os lados, entrando nas araras de roupa, derrubando tudo e querendo escapar para a rua. Fiquei frustrada, mas já escolada para o futuro.

Se lavando nas rebajas
São João: Chegamos em Alicante no dia 23/06, no início da festa Junina da cidade. É bem diferente das festas do Brasil. Dura uns 7 dias e tem como pontos altos as Ogueiras, que são uma espécie de alegoria, queimadas no final da festa, na presença obrigatória de um bombeiro (sabemos que aqui essa obrigatoriedade seria bastante relativa...). Enquanto não são queimadas, rolam comes e bebes no cercado que envolve as alegorias, mas só tem direito quem pagou o carnet durante o ano. Logo no primeiro dia, vimos um desfile de blocos representando os países, inclusive o Brasil. Guga, apesar do cansaço da viagem, estava eufórico com algumas aparições, como a da Capoeira e dos cavalos, que faziam uma dancinha ensaiada que fascinou Guga, que lembra disso até hoje. Outro ponto forte são os fogos de artifício, queimados durante uma semana. As pessoas vão para praia ver o espetáculo. É legal ver também que tudo corre bem, sem confusão, com bastante civilidade, pessoas de todas as idades, com suas cadeirinhas e cangas espalhadas pelas praias e pontos da cidade com visão privilegiada. Guga ver os fogos, gritava de alegria e excitação. Falava das cores e formas dos fogos e batia palma no final.


Uma ogueira linda a ser queimada,
como manda a tradição.
Saudades: Guga sentiu muitas saudades do pai e da casa (de vez em quando pedia feijão). Falávamos pelo skype com o pai e com Evelyn, mas quando ele estava dengoso, sempre perguntava quando a gente ia voltar e quando iria ver o pai. Isso partia o meu coração, mas ao mesmo tempo pensava que faz parte da vida e que pelo menos ele estava tendo a chance de interagir com outras pessoas, outras culturas e tal. Da próxima vez, não farei uma viagem tão longa (15 dias). Mas como tudo tem o lado bom, no final era legal ver ele íntimo da cidade, já reconhecendo os pontos da cidade: - Mamãe, você lemba que passamos aqui?

Yoan: Filho mais velhos de Andréa e Pascoal, com 14 anos, em plena adolescência. A fase é difícil, mas ele é tranqüilo, com temperamento fácil, comparado com o que se vê por ai. Cedeu o quarto para meus pais, na maior delicadeza. Assim como o pai, toca guitarra e afins e nos presenteou com momentos musicais ótimos.


Yo e Gael, hummmm, que denguinho!

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