domingo, 21 de novembro de 2010

A maternidade, ontem e hoje

Já faz um tempo que vem pensando e comparando a maternidade de hoje e de ontem. Desde que engravidei, venho colhendo informações e lembranças com a minha mãe sobre como era a vida dela na gravidez e na minha infância, inicialmente como filha única e depois com os meus irmãos. É nítida a diferença em relação a vários aspectos. Como tudo na vida, há pontos positivos e negativos no jeito que se criava filho antes e também no jeito que nos compartamos com os nossos filhos hoje.

A impressão que eu tenho é de que antigamente, na época em que eu era só filha, ser mãe era algo muito mais natural, da natureza mesmo. Era uma consequencia lógica na vida da maioria das mulheres, independente da sua classe social. O destino estava meio que traçado: casar e ter filhos. Trabalhar era mais uma necessidade do que uma opção. Profissão pautada na vocação com plano de carreira era um plus em tanto. Então, nesse contexto, até os 30 anos as mulheres já tinham seus filhos, que eram criados por elas, com ajuda de babá ou de familiares. Não existia essa glamourização da maternidade, como sendo um momento mágico de novas experimentações e sentimentos arrebatadores. Não quero dizer com isso que se amava menos os filhos. Só quero dizer que ter filhos era como andar pra frente. Não tinha ciência, não tinham orientaçoes especiais, cartilhas e coisas do gênero. Cada um educava os filhos de acordo com os seus valores e referências familiares.

Hoje o buraco é mais embaixo, as mulheres (pelo menos num certo extrato social) tem engravidado mais tarde, porque antes disso é preciso se estabelecer (e crescer) profissionalmente, fazer a sua pós-graduação, mestrado, viagens fantásticas, comprar apartamento, enfim, cumprir etapas que tornam a maternidade algo mais distante do que era na época da minha mãe.

Conheço várias mulheres na faixa dos 30 anos que ainda não são mães. Eu mesmo cumpri todas essas etapas e só engravidei aos 35. Ai é que eu me deparei com um outro paradigma de maternidade. Percebo que hoje ser mãe é tido como algo mágico, diferente, que requer uma preparação especial, leituras, cursos e toda sorte de aparatos para ensinar a mulher (e também o homem) para aquilo que antes era muito natural. É preciso ler, ouvir, se informar, trocar experiencias e tudo mais. O lado bom disso tudo é que hoje temos mais informações sobre os benefícios da amamentação, parto natural, alimentação balanceada. Ou seja, querendo, é possível propiciar uma saude melhor para os nossos filhos. Por outro lado, vejo um excesso de endeusamento nesse momento (eu me incluo nessa situação), talvez porque tenhamos nos desviados tanto da rota que nos leva à maternidade, que hoje em dia, seja algo diferente mesmo.

Hoje li uma reportagem que falava de Coaching para mães. São consultores que ministram sessões de treinamento para a futura mamãe ou para a mãe de primeira viagem, visando alinhar suas expectativas na gravidez e nos primeiros meses. Fiquei em estado de choque! Como assim, alinhar expectativas? Quer dizer que é preciso alguém vir me dizer que o filho, ainda na minha barriga, poderá nascer de um jeito que eu não espero? Será que preciso de um profissional que me prepare para as noites sem dormir, para os eventuais problemas na amamentação, para os conflitos que possam ocorrer no meu casamento nessa nova fase?

Gente, isso pra mim um mau sinal! Minha avó (semi-analfabela e musa inspiradora desse blog) criou as 3 filhas sozinha, na luta, com a maior dificuldade do mundo e não precisou de coaching nenhum! Minha mãe não teve tantas dificuldades e de uma certa forma, teve até mais facilidades do que eu tenho hoje, pois contava com o super help da minha avó e das empregadas e ainda estava casada com o meu pai. De qualquer forma, não tinha nem 1/3 das informações que temos hoje. Não precisou de coaching!

Já ouvi dizer que esse excesso de informação, glamourização, endeusamento da maternidade e paternidade, pode gerar crianças e futuros adultos muito egocêntricos. Não sei, não sabemos ao certo no que resultaremos. Pode ser que eu esteja apenas com medo do novo. Mas o que eu sei é que a falta de coaching da minha avó resultou a minha mãe, que por sua vez, resultou em mim e nos meus irmãos, pessoas muito honestas e trabalhadeiras (rs).

6 comentários:

  1. Dê ao seu filho o que há de melhor. Amamente!
    Quando uma mulher fica grávida, ela e todos que estão à sua volta devem se preparar pra oferecer o que há de melhor para o bebê: o leite materno.
    É muito importante, tanto para o bebê como para a mãe, amamentar até os dois anos de idade ou mais. O leite materno é o únio alimento que o bebê precisa, até os seis meses. Só depois se deve começar a variar a alimentação.
    Acontece que nem todas as mães sabem de todos os benefícios e deixam de amamentar mais cedo. Você pode ajudar nessa campanha divulgando materias e informações.
    Caso se interesse pelo tema, entre em contato com comunicacao@saude.gov.br e participe!


    Atenciosamente,

    Ministério da Saúde

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  2. Nenhuma época é perfeita e a gente tende a idealizar muito a época de nossos avós. Será que era tudo tão mais fácil? Certamente não, mas, como para elas parir e criar era natural, não se pensava no assunto, fazia-se o que tinha de ser feito e pronto. Hoje, a gente pensa demais, porque o que era natural e esperado passou a ser uma escolha da mulher. Vejo isso como positivo, já que nem todas querem (ou devem) ser mães.
    E muitas das que optam por ser, infelizmente, não têm ideia do que seja criar um filho e terceirizam tudo. Estas precisam de coaching.
    Enfim, este papo pode render muito ainda, mas é sempre bom refletir sobre a maternidade hoje.
    Beijos

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  3. Eu acho honestamente que um pouco de "tough love" como se diz por aqui eh essencial. Muitas vezes paro e penso com meus botoes: "Gente na minha epoca era escreveu nao leu o pau comeu!" Nem por isso sou traumatizada e desequilibrada (nao na maioria das vezes), so que hoje em dia esse monte de informacao soh serve prah dizer que qualquer simples "naozinho" vai acarretar uma serie de traumas, problemas de estima bla bla bla e baguncar a cabeca dos pequenos. Crianca jah eh egocentrica por natureza, vai nessa de nao dizer nao nunca que a vida mais adiante vai se encarregar de faze-lo.Enfim...realmente muito pano para manga, mas o interessante eh observar (e nao necessariamente analisar) a maternidade em outras partes do mundo. As vezes acho o Brasil surreal (jah analisando)...por exemplo nunca na minha vida tinha ouvido a palavra folguista. Ou seja alem de baba que dorme ainda existe folguista? Sem querer ofender ninguem, mas muitas maes ai sao muito eh folgadas. Aqui nao tem nada disso nao, minha vizinha foi para maternidade de TX pq o marido teve que ficar em casa com os outros dois....ou seja prah que coaching nesse caso eu nao sei!

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  4. Evelyn Santiago / Tia de Guga23 de novembro de 2010 às 07:34

    Faço o meu comentário não como mãe, visto que ainda não sou, mas como profissional da área psi.

    Apoio pra isso, apoio pra aquilo... O problema desses serviços é que seguem a correnteza de transformar tudo em produto, inclusive com linguagem organizacional (americanizada, diga-se de passagem), simplificam e pragmatizam as coisas.
    Os conflitos, anseios e expectativas e frustrações são imprescindíveis para o fortalecimento do sujeito. Quando buscamos evitar tais fenômenos, criamos pessoas sem estrutura para enfrentar as dificuldades que a vida traz e que não podemos evitar, pessoas dependentes do outro (seja coachings, seja psicólogos, seja o outro qualquer, ansiosas e inseguras e que não conseguem resolver suas questões por si só.
    Se antes havia mais ou menos sofrimento, não posso dizer, mas garanto que esses serviços não vão nos garantir o paraíso da maternindade.

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  5. O que temo é a perda da espontaneidade, pois com tanta orientaçao, tantas verdades prontas sobre maternidade e educação, fica meio difícil ter idéias próprias contruidas a partir do "olho no olho" com o filho. Outra situação que talvez contribua para a sensação de desamparo é que a convivência social gira muito mais em torno das famílias nucleares, bem menores do que antigamente. Hoje em dia é papai, mamãe e filhinho. Mas é importante dizer que, antes, as dificuldades eram grandes, sim, e em alguns aspectos, maiores até. Só a idéia de que essas dificuldades faziam parte do pacote era mais comum, então cada um ia se virando do seu jeito (o que é muito melhor do que a fórmula pronta), como podia. De qualquer forma, são inegáveis alguns avanços de hoje: poder optar em não ter filhos, cinematerna (rs), sling e tummy tub (rs), maior participação dos pais nos cuidados e educação dos filhos.

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  6. Responsabilidade. Disciplina. Respeito aos mais velhos. Carinho aos mais novos. Valorização da verdade. Punição para o erro. Elogio para o acerto. Punir com a razão. Fazer carinho com o coração. Bons exemplos e amor (principalmente).

    Esta aula é de graça.rsrsrs

    Falando sério... Estes valores não me foram passados por nenhum especialista. Sou pai baseado nos pais que eu tive. Procuro repetir o que deu certo (inclusive os castigos) e corrigir o que poderia ser melhor na minha educação. Acho um absurdo a transferência de certas responsabolidades que caberiam exclusivamente aos pais. Buscar conhecimento é fundamental. Filtra-los é mais importante ainda, até porque quem vai em onda é m... de marinheiro!!!

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