quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Primeira viagem sem Guga

Antes mesmo de viajar para a Espanha, a ideia de fazer uma viagem sozinha já estava germinando em mim.  Voltei da Espanha com a cabeça feita de que seria logo. Toda a intensidade de uma viagem internacional com uma criança fez com que um momento só para mim fosse mais do que necessário.

Na verdade, o que mais me cansa nessa nova vida é a escravidão do relógio, o estado de vigília e o pensamento logístico. Relógio, porque vivo na correria, tentando apertar todos os compromissos profissionais e pessoais para sobrar mais tempo para o meu menino. Isso se agrava porque trabalho em outra cidade. Vigília não é novidade para nenhuma mãe, mas acho que o fato de ser mãe solteira, me sobrecarrega mais, pois quando estou com Guga, estou sozinha, na maior parte das vezes. E a logística é também inerente, mas tenho a fantasia de que se eu tivesse um marido, eu teria com quem dividir essas coisas, amenizando a carga. Enfim, tudo isso para dizer, justificar, amenizar a culpa de querer viajar e viver uns dias sem o peso dessas coisas.

Então, aproveitando um feriado no meio da semana (7 de setembro) e um resto de férias, decidi que iria passar  5 dias no Rio de Janeiro, na casa de uma amiga de infância, para fazer tudo o que não faço ou tudo que faço com menos constância, mas que me faz uma falta enorme. Na verdade, uma viagem dessa é meio que uma tentativa de resgate dos meus quereres e vontades de antes de me tornar mãe. 

Óbvio que antes de viajar, eu estava com medo de morrer de saudades dele, de não segurar a onda e acabar não me divertindo. Até tentei sabotar um pouquinho o projeto desmane, demorando de comprar as passagens,  deixando para fazer as malas no último segundo do segundo tempo. Mas tudo foi dando certo.

Lá no Rio, tudo correu bem, relaxei bastante, curtir muito, visitei amigos queridos, tomei cerveja, li revistas, caminhei na praia, sambei, ouvi música, filosofei, fui ao cinema, sem pressa ou culpa. Guga ficou meio doentinho, mas foi muito bem cuidado pelo pai, pela Nani e pela Tia Evelyn. Pelo que percebi, ele sentiu menos saudade do que eu esperava. Eu também senti uma saudade descansada (sem culpa), que apenas foi apertando no último dia de viagem. Apertou, sim, pra valer, mas sobrevivi.

Voltei mais feliz, disposta, ciente de que, enquanto eu estava longe, Guga estava reforçando os laços afetivos com outras pessoas. Conclui também que a viagem serviu para ver o que sobrou da antiga Evie, antes da maternidade. Porém, os restos daquela pessoa estão agora definitivamente impregnados de maternidade. Ainda bem, porque era justamente que eu queria quando decidi ser mãe, ser transformada.


2 comentários:

  1. Muito bom isso, Evie! Agora precisamos combinar uma viagem juntas (agora quer dizer a partir do ano que vem).
    Beijos

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  2. adorei eviética!
    muito bonito o texto e eu fiquei aqui com saudade da "antiga evie". rs. na verdade, não da antiga evie, mas do antigo tempo em que a gente fazia mais coisas juntas =)
    beijo e saudades.

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